sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Assembléia universitária discute os objetivos da ocupação

A primeira assembléia universitária, realizada na tarde de ontem, durante o oitavo dia de ocupação da reitoria, convocou acadêmicos, técnicos administrativos e professores para discutir os desdobramentos das manifestações em prol de mudanças na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O evento conseguiu reunir cerca de 450 pessoas, estudantes em maioria, e debateu as principais reivindicações da comunidade acadêmica. A implantação do sistema de voto paritário, o fim do pagamento de taxas na UFMS, o avanço do movimento estudantil dentro da universidade e a contratação e distribuição de novos professores foram os temas centrais da reunião.

As denúncias feitas por técnicos constituíram um ponto marcante no evento. A técnica administrativa Artemísia Mesquita, afirmou que “vários técnicos foram assediados moralmente, obrigados a assinar um documento indicando que os funcionários estão incomodados com a ocupação estudantil.” Ela aponta que pode haver a intenção da instituição utilizar esse documento contra os estudantes. Artemísia continua com as acusações, declara que o diretor administrativo do Hospital Universitário, Cláudio Cesar Silva, “abandonou suas funções para fazer campanha para a candidata Célia Silva em Aquidauana, o que gerou atrasos nas documentações do hospital e causou a falta de medicamentos que necessitam da assinatura do diretor para serem liberados. Ao contrário, os técnicos não são autorizados a deixar o local de trabalho para participar das manifestações a favor da ocupação.” O reitor, Manoel Catarino Peró, também foi alvo de críticas. “Como sustentam que falta dinheiro na universidade, sendo que o reitor viajou de avião para Corumbá, e ainda vai para Chapadão do Sul, também de avião?” questiona Artemísia.

Para muitos estudantes, a assembléia serviu como apresentação das atividades praticadas pela comissão de ocupação da reitoria. O acadêmico do curso de Ciências Sociais, Robson Sousa, destaca que “a ocupação é pacífica e organizada. Nada foi e nem será quebrado na reitoria. Os acadêmicos estão motivados a debater os problemas da universidade e, entre várias visitas às salas de aula, somente sete professores não permitiram a entrada dos estudantes que queriam divulgar as propostas da manifestação. Isso é reflexo de como o Coun (Conselho Máximo) é montado, com poucos professores votando contra a opinião dos demais”. Bruno Elias, acadêmico de Direito da UFT e primeiro vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) salienta que “essa luta não é só dos estudantes da UFMS. A paridade é a ponta do iceberg. Não dá para conviver com essa legislação que castra o direito de participação dos estudantes. Precisamos dar visibilidade a essas questões para trazermos mais apoio, a mobilização é o caminho. Vamos sair daqui somente quando houver a paridade.”

Acadêmicos dos campi do interior fizeram um apelo às condições precárias que alguns cursos estão submetidos. Bruna Medeiros, estudante de Geografia do campus de Aquidauana e Talitha da Mota, que cursa História em Nova Andradina reclamam da falta de professores e de espaço para aulas, muitas vezes realizadas em escolas públicas devido a esse problema.

A manifestação dos estudantes ganha forças. A cada dia, mais acadêmicos aderem à ocupação. O ex-professor da UFMS e integrante do movimento de ocupação, Sebastião Oliveira, chama atenção para as conquistas alcançadas. “O passe do estudante prova a força do movimento estudantil. Depois de lutas e cobranças, hoje os estudantes contam com esse benefício. Querem passar a idéia de que a ocupação é formada por vagabundos, mas nós temos objetivos e vamos lutar para alcançá-los.”

Para o encerramento da assembléia foi realizada uma marcha fúnebre, ato que simbolizou a morte do autoritarismo dentro da universidade. A marcha percorreu a maioria dos blocos da universidade e terminou em frente ao prédio da reitoria.

A ocupação da reitoria da UFMS continua e para a próxima segunda-feira, 18, está marcada outra assembléia. A comissão de ocupação irá recepcionar durante o final de semana os estudantes que vêm dos campi do interior para se juntar ao movimento. Espera-se que a nova reunião atraia mil acadêmicos para continuar as discussões sobre o futuro da manifestação.

Kleomar Carneiro
Comissão de Comunicação
Ocupação UFMS

Um comentário:

Mundo da Lili disse...

Boa tarde queria mais esclarecimentos com relação ao movimento. Se puderem me reponder o mais rápido possivel agradeço.

Expliquem sobre as eleições proprieamente ditas.
As eleições já ocorreram ou não? Seguiram qual sistema?


Desde já agradeço
Jornalista/Estágiaria
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