sábado, 15 de novembro de 2008

E vai nascer uma nova UnB?




" Reocupação da Reitoria": momento em que estudantes ocupam todo o prédio


Em abril desse ano, após 15 dias de ocupação da reitoria, os estudantes da UnB conseguiram um feito histórico: derrubaram toda uma gestão que está sendo acusada de corrupção. Junto com isso, no dia 13 de junho, foi conquistada a paridade (1/3 para cada segmento) nas eleições para a escolha do próximo reitor da instituição. E bem verdade que ela foi a chamada paridade potencial, ou seja, os 33,3% só são conseguidos se todos os integrantes de um segmento votarem, cerca de 25mil no caso dos estudantes.

Apesar de não ter sido a paridade desejada (que foi chamada de paridade real), os estudantes foram decisivos na escolha do novo reitor, nos dias 24 e 25 de setembro. Enquanto os professores e técnicos administrativos ficaram mais divididos, cerca de 70% dos estudantes que votaram no segundo turno (de um total de 8mil) escolheram o Prof. José Geraldo como reitor. Caso a eleição tivesse sido no antigo sistema, o 70-15-15, o Prof. Márcio Pimentel seria o vencedor.

Após a divulgação do resultado, ressurgiu nas comemorações um grito que também marcou a ocupação da reitoria: “E vai nascer, e vai nascer uma nova UnB!” A pergunta e reflexão que eu coloco é a seguinte: a eleição de José Geraldo garante o nascimento de uma nova UnB? A minha resposta é que não. Uma nova UnB pode e deve ser gestada no período em que José Geraldo for reitor, mas isso dependerá muito mais da mobilização, em especial dos estudantes, do que da vontade da nova administração.

Um dos compromissos assumidos pelos vencedores do pleito é a realização de um Congresso Estatuinte Paritário. A sua realização e a sua disputa serão fundamentais para que, de fato, nasça uma nova UnB. É nele que poderão ser realizadas as mudanças nas estruturas decisórias da Universidade. E é exatamente por iosso que o Movimento Estudantil deve debater com (e mobilizar) a sua base.

Assim, para que uma nova UnB nasça é necessário que o Movimento Estudantil da Universidade atue com unidade para garantir a existência de, no mínimo, conselhos paritários. E que, em âmbito nacional, o Movimento Estudantil promova intensas mobilizações a fim de revogar os artigos da lei que ferem a Autonomia Universitária ao exigir que os conselhos superiores sejam compostos por pelo menos 70% de professores. Pois, só com a mudança na estrutura de decisão é que podemos dizer que nasceu uma nova UnB e, junto com ela, um novo modelo de gestão universitária.

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